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Uma vez
um anjo solitário
impregnou meu paladar de
luz.
Esteve em minha língua,
por quase uma vida,
este sabor
picante.
Desde então relembro
o terno toque
da língua do anjo
a encher minha alma
de luz.
Uma vez
um anjo solitário
arrancou de mim o que fui.
Esteve em minha retina
por quase uma vida
este sabor
sangue.
'Anjo' está no livro "Outros Sentidos"- Victor Barone (07/2008)
Imagem: Andy warhol
Costurarei calças pretas
com o veludo da minha garganta
e uma blusa amarela com três metros de poente.
pela Niévski do mundo, como criança grande,
andarei, donjuan, com ar de dândi.
Que a terra gema em sua mole indolência:
"Não viole o verde das minhas primaveras!"
Mostrando os dentes, rirei ao sol com insolência:
"No asfalto liso hei de rolar as rimas veras!"
Não sei se é porque o céu é azul celeste
e a terra, amante, me estende as mãos ardentes
que eu faço versos alegres como marionetes
e afiados e precisos como palitar dentes!
Fêmeas, gamadas em minha carne, e esta
garota que me olha com amor de gêmea,
cubram-me de sorrisos, que eu, poeta,
com flores os bordarei na blusa cor de gema!
(Tradução: Augusto de Campos)