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(Fernando Pessoa)
Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro,
faz bem só pensar em ver
seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(se ela estivesse deitada)
dois montinhos que amanhecem
sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
assenta em palmo espalhado
sobre a saliência do flanco
do seu relevo tapado.
Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gnomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?
2 comentários:
Muito bom! gostei muito...
O segundo verso da última quadra necessita de ser corrigido é «Tem qualquer coisa de gomo.». Gomo e não gnomo. De qualquer modo gostei de ver o nosso grande poeta representado por aqui. Uma boa semana cheia de flores, sorrisos e ...poesia :)
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