Quanto de amor é preciso
Para desentranhar desse rosto
A palavra com sede
A palavra que trará outra vez
A sombra para abaixo das árvores
És assim,
Esse ouvido árido
Esse esquecimento mesquinho
De que a vida é esse momento
Em que te encontro
De que a vida
Ela não pode ser outra coisa
Além de nós dois
Quando estamos juntos
Jamais me traia
Jamais, com a rosa na boca
Entres pelo meu corpo
A confundir os meus traços
E a embaraçar os meus passos
Jamais, com as mãos sobre as folhas
Me descubras sem vestimentas
Para expor minha nudez pálida
Tu sabes que querem de nós
Toda a intimidade
Tu sabes de mim
O que ainda para mim é oculto
Tu sabes o que eu virei a ser
Por isso, jamais me abandones
Com a rosa embaixo do vestido
Presa nas virilhas
Dê-me desse cheiro
Durma-me nesse ventre cheio de frutas
Que vinho novo esse teu buquê translúcido
Te dou de minhas carnes
Para que te embebas
Quando o gozo vier
Como um verão guardado embaixo dos lençóis
Quero ainda teu beijo de chuva fina
Quero seu grito animalesco
Como um pomar que se enche de vida
É assim no teu ventre
Quando confundo nossos seres
E um vento bate na cama
E de repente
Já és uma flor ou uma arma
E eu já sou menino
Brincando
Brincando e brincando
(Rogério B. Andrade)
Um comentário:
Olá Ines. Este seu blog eu não conhecia ;) Vou linkar. Beijos.
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