domingo, 25 de outubro de 2009

Quarto em desordem - Carlos Drummond de Andrade

(Imagem:Lucien Clergue)

Na curva perigosa dos cinqüenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor

que não sabe como é feita: amor
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar

a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo

verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama.

6 comentários:

Anônimo disse...

Arrebentou! Esse poema é tudo de mais lindo...

PS: a foto tb

Roque Soto disse...

Moitas veces derrapamos no amor por no ver con ollos da persoa a quen amamos.

Unha aperta

Jefferson Bessa disse...

Muito bonito este poema, mas a fotografia também é linda d+!


Abraços.

Jefferson.

orlando pinho disse...

drummondsupremo!

volcAnico mehoyos disse...

la vida cabalga como un caballo desbocandose ayer y ahora
saludos

Poeta Mauro Rocha disse...

Belissimo!!!!!!